domingo, 27 de dezembro de 2009

Natal é aquela época normalmente bem alegre e piscante, mas eu nunca fui muito fã...
Neste ano, resolvi que ficaria sozinho em casa. Quer dizer, "sozinho" em partes, já que eu estaria com meus gatos e cachorros, que pra mim eram suficiente.

OK, eu tinha tudo o que queria, podia fazer qualquer coisa, gritar, correr pela casa, ouvir música alta, tudo como eu gostava... e apesar de estar "sozinho", eu tava alegre.

... Até eu perceber um distúrbio na internet. Enquanto eu olhava meu orkut, percebi duas amigas minhas deixando mensagens tristes e coisa do tipo. "Não deve ser nada" - pensei.
Foi aí que o GaZ apareceu no meu MSN dizendo "soube do André?", e foi aí que começou a dar aquele frio na barriga.

Puxa, muito escroto, como de uma hora pra outra essas coisas acontecem, sempre nos lembrando que ninguém tá seguro. Não sei quando foi, como foi, só sei que foi de carro. Quando o GaZ me comunicou ainda era dia 24, eu acho... e me falou que no dia seguinte haveria a cerimônia, mas que ele só iria se eu também fosse.
Eu quis ir.

Acordamos cedo no dia seguinte, ele veio me buscar aqui em casa, de moto, e fomos até o Cemitério Jardim da Paz. Eu tava muito nervoso desde que fiquei sabendo da notícia, sentimento bizarro. Eu não era tão chegado ao André, admito que não, mas ainda assim era um amigo, e uma pessoa que eu gostava. É ruim quando acontece.

Consegui me entreter por alguns segundos com a beleza do Jardim da Paz, a calma e o silêncio, mas não dava pra afastar os olhos do monte de pessoas numa salinha, em volta de um caixão.
Eu e o GaZ, depois de alguns minutos, decidimos que finalmente íamos ali ver o nosso amigo.

Na ida, eu e o GaZ abraçamos um parente, não sabíamos quem era, mas o sentimento que fluiu por ali nos permitiu fazer tal ato, e ambos percebemos que o homem ficou satisfeito com a nossa presença. Depois percebi uma conhecida ao lado do caixão. Era a Luh, nos conhecemos quando ambos fazíamos estágio no DPTRAN, Palácio da Polícia, e fomos surpreendidos pelo fato de ambos conhecermos o André. Enfim, quando eu vi ela, não sabia bem o que fazer... o GaZ se aproximou do caixão mas não conseguiu chegar muito perto, é difícil. Ele já estava bem abalado desde que chegamos. Não conseguiu ficar ali muito tempo.

Meus olhos encontraram os da Luh, que estávam enxarcados... novamente eu não sabia o que fazer, mas foi automático eu ter soltado um leve sorriso, daqueles de compreensão, e ela fez o mesmo. Eu queria ter ido abraçar ela, mas nesse momento, era eu quem estáva próximo ao caixão. Sinceramente, não pensei que eu ia sentir o que senti, mas quando o rosto do André apareceu através do vidrinho, me deu uma súbita vontade de chorar, foi inacreditável o impacto.

Fiquei ali por algum tempo, de cabeça baixa, enquanto eu falava, com a mente:
"E aí, cara. A gente se vê do outro lado!"
É, foi só isso, e foi com a cabeça, mas foi do jeito que eu acho melhor... sei lá... foi bem ruim, eu não tinha palavras pra expressar o sentimento.

Saí e encontrei o GaZ ali na rua, bem nervoso, querendo ir embora, então disse que tudo bem, a gente devia ir mesmo... era melhor.
Na volta, decidimos comprar cervejas. É, normalmente isso é pra ocasiões festivas, mas nesse caso em especial, era uma homenagem. Fomos à Redenção depois de termos comprado as cervejas, sentamos num banco e começamos a falar sobre a vida, sobre as engrenagens que movem tudo isso, essas coisas... o momento permitia.

Bom, no final, batemos as duas garrafas como num brinde, e dissemos "Ao André!", e esperamos que tenha sido suficiente, por enquanto.


E esse foi o meu Natal.
Não sou um cara religioso nem nada, mas tenho meu lado espiritual independente de qualquer religião (bem como diz no orkut), e gosto de pensar que tem algo mais, então espero que o André tenha ficado contente que fomos lá, e espero que ele esteja bem, onde estiver.

Bicho, fica esperando a gente aí, que um dia estaremos, TODOS NÓS, bebendo juntos de novo!




(fotos do primeiro reencontro, neste ano de 2009, que era uma despedida pro André, que ia se mudar; coloquei as fotos no meio assim, pra lembrar que sempre foi tudo muito alegre.)

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